Por: Vitor Pajaro
Dia 24 de dezembro! Hora de se preparar para comer aquele peru de Natal feito pela vovó Rosa, mas já pensando na sobremesa deliciosa da tia Helenice. E o que dizer do tio Nogueira, que sempre de bom humor está pronto para fazer a alegria da criançada com aquela fantasia de Papai Noel. Tem também a prima Ana, que não entende como brinca de amigo secreto, mas o importante é participar. Além do mais, todos querem ser presenteados por ela, que tem um excelente gosto ($$$) para presentes.
Na sua família, os nomes e alguns costumes podem até ser diferentes, mas certamente você passou a maioria dos seus “24 de dezembro” rodeado por familiares. E tem coisa melhor? Para alguns, não. Para outros, também não, mas se você está a 15.579 km (distância Brasil – Austrália) da sua casa alguma coisa deve ser feita para suprir essa falta.
Convenhamos que antigamente sem a tecnologia o problema era maior e você só ficava sabendo se a sobremesa da sua tia foi mousse ou pudim meses depois quando ia visitar o Brasil e enfim via aquele álbum de fotos reveladas da Kodak. Hoje, as ligações de áudio e vídeo facilitaram as coisas e o melhor é que você nem precisa pagar por isso. Antes, dois minutos de ligação internacional era uma fortuna e desejar um Feliz Natal para todos poderia representar muitas horas trabalhadas nos hospitality’s da vida.
“Estou no meu segundo intercâmbio na Austrália e há 10 anos era muito mais difícil falar com a família. Claro que a gente tinha alguns truques, mas me lembro de um cartão telefônico que dava 400 minutos para fazer chamadas internacionais. Naquela época o Facebook ainda estava começando e eu costumava usar o Orkut para falar com todo mundo do Brasil”, contou Tiago Chufalo, de Ribeirão Preto (SP) e que há três meses iniciou sua segunda aventura na Austrália.
Trabalhar na Ceia? É possível!
Quando o assunto é trabalho, as coisas por aqui são um pouco diferentes no quesito Natal. Eles também têm Papai Noel, também compram presentes e também se reúnem em família, mas no dia 24 é vida normal. Nada de festa tarde da noite. A reunião dos australianos acontece no dia 25 durante o almoço. Ou seja, se você trabalha em algum pub, restaurante ou afins se prepare para ralar até tarde ou, se possível, já avise o seu chefe que você não está disponível.
Feito isso, o segundo passo é pensar no que fazer. Longe da família, a melhor opção e também a mais escolhida é juntar os novos amigos e tentar fazer a ceia natalina o mais parecida possível com a do Brasil. Sem o tempero da vovó, é hora de descobrir quem é bom na cozinha. A brasiliense Ana Luiza Barrozo garante que vai colocar as flatmates, brasileiras e espanholas, para cozinhar.
“Eu vou fazer as rabanadas, mas ainda não descobri quem vai fazer o salpicão e o Peru”, disse ela, lembrando que a ideia do grupo é conseguir conectar todas as famílias via Facetime. “Queremos que eles também participem da nossa noite de Natal”.
Nem tudo é motivo de saudade. Ana, aliás, tem um motivo para comemorar: natal sem uva passa. “Nem acredito que nesse ano o arroz vai ser só arroz e a maionese só maionese, sem uva passa”, contou, rindo.
E que tal uma balada?
Nem sempre a festa natalina é tão parecida com a tradicional reunião familiar que acontece no Brasil. Tem quem prefira organizar uma verdadeira balada e convidar os mais de 70 colegas de escola para a sua casa. Nada mal para conhecer outras culturas e também passar um pouco da sua para os gringos.
“Uma das melhores noites de Natal da minha vida foi aqui. Eu tinha cinco meses de Australia e consegui juntar gente do mundo inteiro na minha casa. Lembro de todos os gringos (japoneses, suíços, italianos, franceses, coreanos, espanhóis, alemães) e, claro, brasileiros comendo o nosso churrasco. Tenho certeza que assim como eu, muitos jamais esquecerão desse dia”, relembrou Jeff, manager da Pacific Center e há cinco anos na Austrália.
Pais na Austrália
Longe das irmãs intercambistas há 10 anos, o capixaba Hamilton Filho já havia se acostumado com o Natal rodeado pelos pais, tios, avós e primos. Agora, em seu primeiro Natal na Austrália, ele terá a oportunidade de estar ao lado de uma das irmãs, que vive aqui há nove anos e acabou de ganhar um bebê.
Com a chegada do novo herdeiro, Hamilton também ganhou a presença dos pais que vieram visitar o bebê e de quebra curtir o natal australiano. Apesar de juntos, ele garante que a noite natalina não será completa.
“É muito bom ter eles aqui, mas vou sentir falta dos meus tios contando as mesmas histórias de todos os anos, na mesma mesa e com todos os lugares marcados. Natal para mim é família e este ano será diferente, com costumes australianos”, disse, referindo-se ao cunhado australiano. “Não tem nada como o nosso Brasil”.
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